Uma descoberta nunca vem sozinha... A vingança, por vezes, é inevitável, mesmo sem fundamento.
(Nota: Devido a vários comentários postados anteriormente, sinto-me no dever de avisar que o início da história começa no fundo do blog e não no primeiro post, e que essa situação não dá para alterar)
Terça-feira, 24 de Abril de 2007

A Família Santorini

O velho guiou Helene até uma rua paralela àquela onde estavam. Retirou um molho de chaves da algibeira e meteu uma delas na fechadura ferrugenta. Tentou abrir a porta, abanando e pontapeando, mas nao abriu.

 

-Sabe, menina, nao somos propriamente abastados, e o dinheiro escasseia...A porta já nao é tao eficiente como costumava ser - disse o velho, com um sorriso afectuoso. Aí, resolveu bater à porta, e após uns tempos de espera, a porta abriu-se e revelou uma velha de rosto áspero mas bondoso.

 

-Bom dia de novo, minha querida Eleanor. Lembras-te de Helene, a filha do senhor Antoine DeLover. Com certeza nao te esqueceste dela - disse o velho com um sorriso. Helene, esta é a minha mulher, Eleanor.

-Muito prazer, minha senhora. Encantada!

-Ah! Como me lembro de ti, Helene! Anda cá...-exclamou Eleanor, dirigindo-se à rapariga de braços abertos. Já nos conhecemos, minha querida, portanto nao sao precisos grandes formalidades. É claro que provavelmente nao te recordas...

 

Helene estava muito baralhada, mas sorria, pois nao queria parecer mal diante de alguém que, tao amavelmente, a acolhera. Nao se recordava do casal, nem desconfiava de onde os conhecia. O velho afirmava ter conhecido os pais, mas ela nao sabia de onde. Quase que adivinhando os pensamentos da rapariga, o velho sorriu.

 

-Deves-te interrogar de onde nos conhecemos, nao é, minha filha? Senta-te! - e apontou para uma cadeira forrada. Helene sentou-se e, momentos depois, Eleanor trouxe chá e biscoitos.

 

-Agora, esclarecerei tudo, minha filha. O meu nome é Robert Santorini e esta é a minha mulher, Eleanor Santorini. Temos uma filha, mais ou menos da tua idade. Diz-me, tens...

-17, senhor.

-17! Como o tempo corre depressa...Onde é que eu ia? Ah! sim..temos uma filha que ronda a tua idade. Chama-se Angel e tem 16 anos. Ofereceram-lhe um emprego em França...e ela teve de partir...- concluiu Mr.Santorini, tristemente. Ela é muito bela, tal como tu, mas com largas diferenças...Bem, onde é que eu ia? Ah! sim...queres provavelmente saber de onde te conhecemos, a ti e aos teus pais, nao é?

 

Helene acenou afirmativamente com a cabeça e agradeceu o elogio ao velho, tao simpático, mas tao esquecido. Fez-lhe sinal para continuar e ele avançou.

 

-Bem, quando os teus pais eram novos, logo depois de se casarem, vieram para aqui viver. Eles, com a enorme fortuna de seu pai, mandaram construir a mansao DeLover, que ainda permanece de pé, como talvez sabe...

-Sim, sei. Já a visitei várias vezes, mas, infelizmente, traz-me escassas memórias...e as que traz sao um pouco infelizes..

-Bem, sim, ainda bem...local magnífico! Como já deve ter reparado, a mansao possui um largo jardim a toda a volta, e era necessário alguém que cuidasse dele, alguém com aptidoes para o fazer. Entao, o seu pai procurava alguém que o fizesse. Eu e a minha esposa apresentámo-nos e fomos contratados: eu como jardineiro e Eleanor como cozinheira. Ficámos lá muito tempo, mesmo depois de tu nasceres.

-Era uma menina adorável! - acrescentou Eleanor. Mas, infelizmente, o negócio dos seus pais faliu, graças ao traidor que ainda respira, esse Charles Cole! Nao sei se a menina conhece, mas...

-Sim, Eleanor, ela conhece bem. Trabalha para ele, ve lá tu!

-Nao pode ser! Nao pode ser verdade... Deus nao fez justiça, o que é pena, pois tratavam-se de pessoas boas...

-Bem...onde é que eu ia? - interrogou-se Mr. Robert. Ah! sim...eles perderam o negócio, a fortuna e, por consequente, abandonaram a casa que tanto lhes deu trabalho. Venderam-na, mas como era demasiado personalizada, quem a comprou apenas comprou o terreno. Tinham ideias de a demolir, o que teria sido uma pena, e, atrevo-me a dizer, uma vergonha! Sim, porque uma obra de construçao como aquela...seria pecado mandar abaixo! Oh bem...sem a casa, nao necessitavam mais de jardineiro ou cozinheira, e nós fomos dispensados, para grande tristeza de todos...dava-me gosto trabalhar para um homem tao honrado como aquele!..

 

Naquele momento, Helene notou um certo olhar de reprovaçao por parte de Eleanor, para com o marido. O que será que queria dizer? Mas os seus pensamentos foram interrompidos com uma exclamaçao de parte da mulher.

 

-Ah! Robert, nós aqui a tagarelar...a menina nao está interessada em ouvir velhos como nós! Minha querida, vou-lhe apresentar o membro de mais recente aquisiçao desta família, e que, com certeza, lhe irá agradar mais...

 

Eleanor ausentou-se por minutos, deixando Helene pensativa. Quem seria? Nao lhe dissera Robert que Angel estava fora? Enquanto aguardava pelo regresso de Eleanor e de alguém misterioso, nao deixava de se esforçar para se lembrar de algo da sua infancia que a lembrasse deste casal tao afectuoso.

publicado por Libera às 20:38
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1 comentário:
De mj a 25 de Abril de 2007 às 00:54
Velhos com uma filha de 16 ano?! quando muito neta, ou entao tens k alterar as idades.


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